Posts filed under ‘Opiniões’

Filosofando sobre a frustração

Abraham Maslow propôs no começo do século XX a sua hierarquia de necessidades, mais conhecida como pirâmide de Maslow. A idéia é simples e conhecida: os seres humanos têm necessidades básicas e, à medida que essas necessidades vão sendo satisfeitas, ele busca necessidades de um nível mais elevado.

Uma teoria um pouco menos conhecida, mas que também não desafia o bom senso, é o Princípio de Peter. O Princípio de Peter, de forma simples, diz que, em uma organização, as pessoas são promovidas até atingirem seu nível de incompetência. Enquanto alguém é competente ele é promovido e, assim que deixa de ser, ele pára por ali. Nos cafés dos ambientes corporativos já se sabia que “todo chefe é incompetente”, mas Lawrence J. Peter teve o mérito de conseguir escrever o óbvio em modo formal.

Indo agora rapidamente para a filosofia clássica, Aristóteles lançou a idéia de que, a vida, para valer a pena, deve ser eudaimônica. Eudaimonia, traduzida de forma simplificada como felicidade, é a sensação de que algo vale a pena por si só.

Colocando essas idéias em um mesmo saco e, chacoalhando-se bastante, algumas associações surgem, ainda que desprovidas de qualquer rigor científico e compromisso com a verdade.

A primeira delas é que todo mundo, seguindo suas aspirações, alcançará mais cedo ou mais tarde a frustração. Uma pessoa buscará suas necessidades básicas, eventualmente prosperará e partirá para objetivos mais ambiciosos. Em algum momento ela será incapaz de atingir seus objetivos e deparará com a frustração.

Evoluindo um pouco mais, entendemos que, se as pessoas estão sempre buscando novos objetivos, não estão praticando uma vida eudaimônica o que também deve, pelo pensamento de Aristóteles, levar à frustração.

Ou seja, estamos fadados a fugir das nossas frustrações buscando algo que, em algum momento nos levará inexoravelmente a uma frustrante estagnação.

Proponho, se me permitem, um conceito para salvar a humanidade desse destino funesto. Vamos chamá-lo de necessidade eudaimônica. Segundo esse conceito, deve existir em algum ponto da hierarquia de necessidades de cada um uma camada que vale a pena por si só. A satisfação dessa necessidade é suficiente para que um ser humano se sinta realizado e não precise buscar algum nível mais elevado de satisfação. A graça da vida estaria em se alcançar essa camada e, mais importante, identificá-la como o seu objetivo de vida. Conseguindo-se isso, a pessoa atingiria a sua satisfação plena e seria indiferente a possibilidades aparentemente tentadoras mas que, como já vimos, a levaria à frustração.

15, outubro, 2008 at 6:51 pm 2 comentários

Música e Interface

Hoje tive o prazer de ser apresentado ao Musicovery. É mais um site de streaming de áudio, uma rádio online. Ou quase. A interface rouba a cena e faz esse site se destacar. Você escolhe o seu ‘mood’ e/ou a época desejada e/ou os estilos musicais preferidos e na tela se forma um playlist gráfico no mínimo curioso. Os detalhes são a cereja do bolo: o ícone do browser se move, como bexigas subindo. Vale a visita.

misicovery.jpg

3, setembro, 2007 at 5:46 pm 2 comentários

Eu vi o iPhone

Um amigo meu, voltando dos EUA, trouxe na bagagem um iPhone e tive a oportunidade de testar o brinquedo. A interface realmente é maravilhosa. Dar zoom afastando os dedos pela primeira vez é uma experiência inesquecível. ‘Quase’ faz sentido ter um, mesmo que o telefone ainda não funcione (pelo menos para quem não tem coragem de tentar desbloquear).

3, setembro, 2007 at 5:27 pm 2 comentários

Privacidade: até que ponto se deve abrir mão dela?

O governo chinês vai instalar 20 mil câmeras de segurança na cidade Shenzhen, interligadas a um sistema de reconhecimento facial, por sua vez interligado a um banco de dados de pessoas com ficha criminal. Além disso, boa parte dos moradores deverá usar um cartão residencial com um chip que armazena várias informações dos habitantes (veja no G1). Em Londres, estima-se que um habitante possa ser filmado 300 vezes ao dia; lá há uma impressionante relação de 15 câmeras por habitante (veja na Gazeta do Povo). Assutador, não? A pergunta que fica: até que ponto você está disposto a abrir mão da sua privacidade em nome da segurança? Ou, sendo mais purista: é lícito abrir mão da privacidade em nome da segurança?

Vamos guardar essa pergunta por enquanto. Vamos mudar de assunto (ou, provavelmente, não). Em outro post, escrevi um pouco sobre a Web 2.0. Nunca a população quis (e pôde) tanto se expor. Procure no Youtube ‘Chinese boys’ e descubra o sucesso que dois adolescentes conseguiram fazendo dublagens de músicas famosas.  Chegaram a ser chamados para fazer um comercial para a Motorola. Japoneses entopem o site Twitter com SMSs dizendo o que estão fazendo naquele minuto (ou segundo, sei lá!). Os 15 minutos de fama estão cada vez mais à mão. O problema é que nesse afã, as conseqüências não são pesadas. Quem não sente um arrepio na espinha quando ouve que as empresas estão checando o profile no Orkut dos candidatos a emprego? Lembram da Katilce, a que foi beijada pelo Bono Vox no show do U2 no Brasil e teve o profile invadido por milhões de comentários?

Agora a Prefeitura de São Paulo quer implantar chips nos carros. O que é quase nada em relação às pessoas que estão sendo flagradas seminuas no Google Street View (tem um site só desses flagrantes. Veja aqui). É o pesadelo de George Orwell. Vivemos em 1984. E como no livro, muitos defendem as razões do Grande Irmão. ‘É pela segurança. Paciência’. Discordo. Ficamos cegos nos períodos de crise e tomamos decisões que impactarão nossas vidas quando a crise passar. Veja o Ato Patriótico. Faz sentido o governo poder saber que livros você pega na biblioteca? Na época do 11 de Setembro, muitos acharam que sim. Um funcionário do governo londrino deveria poder saber quando você limpa seu nariz? O custo é muito alto. A chance de nos arrependermos é grande. Entre a segurança e a privacidade, fico com as duas. Não se promove um direito fundamental pisando sobre outro.

14, agosto, 2007 at 11:32 am Deixe um comentário

Desinvestimentos no Second Life

Mais notícias contra o Second Life. O site O Debate e o Terra afirmam que agências nos EUA estão retirando a presença de seus clientes no SL, devido à baixa audiência e até mesmo ‘hostilidade’ de alguns avatares. Mais uma vez, os números de usuários do site são contestados.

Veja o post anterior, O que esperar do Second Life.

19, julho, 2007 at 10:45 am Deixe um comentário

O blog não tem sobrenome

Estava lendo há pouco no Webinsider um post de Gilberto Alves Jr., comentando que o blog, apesar de ter nascido como diário de adolescente [sic], tornou-se ferramenta poderosa de publicação de conteúdo para jornalistas, escritores, etc. Até aqui concordo.

Mais à frente, ele sugere que seja feita uma distinção entre ‘blog de conteúdo’ e ‘blog pessoal’. O ‘blog de conteúdo’ é um blog para tratar determinado assunto, para alcançar um nicho. Esse é um ‘blog sobre vinhos’ e aquele é um ‘blog sobre tecnologia’. Por outro lado, o ‘blog pessoal’ é para as pessoas divulgarem suas experiências cotidianas, o tal ‘diário de adolscente’. Esse é o blog para se divulgar fotos do churrasco para os amigos. Por fim, o autor prevê que a molecada vai aos poucos migrar para alguma nova rede social (Orkut, Flickr, Youtube, etc.) e o blog vai começar a ser cada vez mais visto como uma fonte confiável de informação. Aqui começo a discordar…

Um blog pessoal não é, necessariamente, uma fonte não confiável de informação. Artistas, atletas, empresários possuem blogs e expressam opiniões legítimas neles. O mais importante é a relevância. Os blogs poderiam (mas não deveriam) ser classificados em ‘blogs relevantes’ e ‘blogs irrelevantes’. Digo que não deveriam, porque o conceito de relevância é relativo. O que é relevante para mim pode ser irrelevante para você. E aí está a beleza da internet. O joio é separado do trigo com um clique de mouse, e tem gente que chama de joio o que eu chamo de trigo. Não gostei, fecho a janela e não volto mais. Gostei, cadê o link para o rss?, amanhã vou olhar isso de novo. A informação está cada vez mais acessível e o leitor (ou ouvinte, ou telespectador) tem que ser cada vez mais crítico. Antigamente, você lia o Estadão, assistia o Jornal Nacional, pesquisava na Barsa e estava informado. Hoje a experiência é muito mais rica e complexa. Além de informação, buscam-se opiniões, referências, idéias, para confrontá-las, espremê-las e tentar tirar algum suco disso. Sou contra a dar sobrenomes ao blog. O maniqueísmo está em baixa. A internet não é preta ou branca, é cinza.

18, julho, 2007 at 8:12 pm Deixe um comentário

Alternativas para a inclusão digital

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o Brasil possui 40 milhões de computadores e, de acordo com o Ibope/Netratings, 18 milhões de pessoas acessam a internet de casa. Ou seja, a grande maioria da população brasileira não usa computadores, não navega na internet, não tem email e não faz compras online. Apesar dos esforços do governo para popularização dos PCs, incluindo datacentros e redução de impostos, está claro que a inclusão digital ainda tem um longo caminho pela frente. O mercado das pessoas conectadas está restrito à população de alta renda dos grandes centros.

Por outro lado, temos 105 milhões de usuários de aparelhos celulares (números de Junho/07 da Anatel), sendo que mais de 60% deles possuem renda inferior a R$500,00/mês (pesquisa da Vivo). A exemplo de outros países em desenvolvimento como a Índia, o celular é uma ótima oportunidade de se reduzir o gap de conhecimento tecnológico da população. Infelizmente, apenas 7% do que se gasta na conta de celular é relativo a dados. Um dos principais motivos é o custo. O megabyte trafegado pelo celular custa em torno de R$7,00 e um SMS sai por volta de US$0,15. Uma pesquisa da UIT analisou o custo do SMS em 186 países. O Brasil ficou em 151° lugar! Não por coincidência, na Venezuela, onde o SMS custa cerca de US$0,04, cada celular envia por mês 140 mensagens. Aqui, esse número não passa de 6. Uma ação para redução desses custos abriria as portas da internet para dezenas de milhões de brasileiros e, de quebra, tornaria acessível às empresas uma legião de consumidores.

Soluções de SMS-Business são um promissor gerador de negócios. Promoções via celular (Bolão do Faustão, Dá-dá-dá) já mostraram a eficiência desse canal. Bancos já começam a se mexer, criando serviços de mobile banking e mobile payments. O consumidor está aí, conectado o tempo todo, ainda sem saber direito o que fazer com todos os botões e funções de seu aparelho. Quem se habilita a ensiná-lo?

Se você gosta desse tipo de estatística, visite a página de índices do IDGNow. Boa parte do que está escrito aqui veio de lá.
Para saber mais sobre o mercado de telefonia celular, viste o Teleco e o UCel.

11, julho, 2007 at 10:29 pm 1 comentário

E lá vem a Web 3.0 (a.k.a. Web Semântica)

Confesso que torço o nariz para expressões que parecem ter sido criadas para se ganhar dinheiro. Web 2.0 é uma delas. Nada contra o conceito; é a roupagem marketeira que me incomoda. Mas às vezes temos que dar um voto de confiança, principalmente quando uma dessas expressões sai da boca de alguém como Tim Berners-Lee. Pesquisador do CERN (lembra do livro Anjos e Demônios do Dan Brown?), agraciado com o título de ‘Sir’ pela rainha da Inglaterra, diretor do W3C, é considerado o criador da internet. De fato foi ele quem primeiro sugeriu uma estrutura de hipertextos para organizar os documentos do CERN e para trocar informações com outros institutos.

Pois foi ele quem criou o termo ‘Web Semântica‘, que já virou a tal da Web 3.0. Mais do que o conceito, pôs seu pessoal para trabalhar nessa tecnologia que deve dar seus frutos nos próximos anos. Segundo ele, A Web Semântica é a web dos dados. Trata da integração entre informações da rede com o computador pessoal dos usuários, permitindo que análises sejam feitas levando em conta as informações que você tem e que a rede disponibiliza. Parece promissor. Prepare-se para receber convites para palestras sobre o tema.

Veja a entrevista com ele no IDGNow.

10, julho, 2007 at 10:35 am 2 comentários

A saga para vender um carro usado

Vender um carro usado está mais difícil. Teoricamente mais seguro, mas certamente mais confuso. A PORTARIA DETRAN Nº 2000, DE 07 DE NOVEMBRO DE 2006 e a Resolução CONTRAN n° 199, de 25 de agosto de 2006 determinam que agora, além do decalque do chassis, é necessário decalque do número do motor do veículo. O conceito é perfeito. O Detran tem um cadastro da numeração do motor e daí basta verificar se a numeração bate para inibir o comércio de motores adquiridos de forma ilícita.

Mas daí chegam as complicações…

1. Na maioria dos carros, não é possível tirar um decalque do motor. A legislação pensou nisso e permite que, ao invés de decalque, seja fornecida foto da numeração.

2. Nem todos os motores têm a numeração acessível ou padronizada. Talvez dois carros do mesmo ano e modelo tenham a numeração do motor gravada em locais diferentes. Hummm… Pode dar trabalho achar a gravação sozinho (no meu caso foi preciso levantar o carro e usar uma lanterna).

3. E para alguns carros, você precisa tirar o filtro de ar para acessar a tal numeração.

4. Pior ainda: tem gente que não acha a numeração do seu motor. No Google existem milhares de mensagens de pessoas desesperadas.

5. Carros mais antigos simplesmente não têm numeração. Nesse caso, você pode fazer uma declaração de próprio punho (veja) se responsabilizando pela origem do motor e o Detran vai determinar que seja feita uma gravação nova.

6. Em alguns casos a numeração do motor não bate com o cadastro do Detran, ainda que você tenha certeza que o motor é original. Nesse caso, é preciso entrar em contato com a montadora (através do 0800) e solicitar uma carta-laudo que contém a numeração original do motor do carro.

7. Em outros casos (esse foi o meu) a numeração está perfeita, mas o padrão de gravação não bate. A concessionária para a qual eu estou vendendo o carro indicou uma empresa para fazer a perícia que chegou à conclusão que a gravação não era original. A gravação do meu carro deveria ser em pontos (primeira foto abaixo) e a do meu carro é reta (segunda foto). Foi uma briga para conseguir que alterassem o laudo para “aprovado”.

Hoje, antes de vender o carro, é importante verificar se a numeração do motor está OK, sob risco de não conseguir entregar o carro. Antes era só ir ao cartório assinar o documento. Agora, a venda pode dar uma dor de cabeça e, na maioria dos casos, não por culpa do proprietário. E prepare-se para gastar de R$30 a R$100 para conseguir a foto, provavelmente com um laudo que você não faz a menor questão de tirar.
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traco.jpg

4, julho, 2007 at 7:08 pm 11 comentários

Quando o iPhone for desbloqueado

O BlogWindows postou um vídeo do Youtube com uma análise irônica do iPhone, mostrando algumas de suas limitações. O Blog gadget lab divulgou hoje que grupos de hackers estão próximos de desbloquear o iPhone. De fato, se você visitar o site iPhone dev wiki vai encontrar uma sopa de letrinhas que os ‘desenvolvedores’ estão trocando. Entre as palavras que qualquer um vai conseguir entender, está que o objetivo do site é ‘encontrar funcionalidades adicionais para o iPhone, (legitimamente) habilitando suas capacidades potenciais’. Entre as ‘capacidades potenciais’ está a ‘melhoria na compatibilidade’. Achei de um humor muito fino.

Por outro lado, semana passada só se falava das pessoas na fila para comprar o seu brinquedo novo. E hoje pela manhã se noticiava que meio milhão de iPhones foram vendidos na estréia.

Tentei encaixar tudo isso… O que leva alguém a ficar na fila para comprar um aparelho que vai estar a venda na internet? O que leva tanta gente a gastar de 500 a 600 dólares nele? Para mim, boa parte da motivação vem da admiração pela empresa da maçã mordida. Não resta dúvida que a Apple tem desenvolvido produtos que atingiram em cheio o gosto da população. Mas esse desespero em se conseguir desbloquear o iPhone me soa preocupante. Por que querer tanto burlar um produto tão admirado? Porque os consumidores se sentiram afrontados pelas limitações que a própria Apple criou para o iPhone. Todos querem exibir o seu, mas sentem-se reféns e pode começar a pairar sobre a empresa uma sombra negativa. A Apple se porta como o menino rico, dono da bola, que exige que o primo AT&T seja o centro-avante. Começa a parecer mais arrogante do que marcas como o Google.

Talvez nada demais aconteça quando o iPhone for desbloqueado. Provavelmente só alguns geeks vão ter um assim. Mas a Apple arrisca arranhar sua imagem colocando um ponto de interrogação na cabeça do seu público.

2, julho, 2007 at 9:22 pm 3 comentários

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